Revestidos de mansidão, renovai‑vos pela fé que é a Carne do Senhor e pela caridade que é o Sangue de Jesus Cristo. Nenhum de vós guarde ressentimento contra o seu próximo. Não deis ocasião aos gentios para que a comunidade reunida em Deus seja caluniada por causa de alguns insensatos. Ai daquele por cuja leviandade é ultrajado o meu nome!
Fechai os ouvidos quando vos falam de outra coisa que não seja Cristo, da linhagem de David, filho de Maria, que verdadeiramente nasceu, comeu e bebeu, verdadeiramente sofreu perseguição sob Pôncio Pilatos, foi verdadeiramente crucificado e morto na presença do Céu, da terra e dos abismos, e verdadeiramente ressuscitou de entre os mortos pelo poder do Pai, que também nos há-de ressuscitar a nós que acreditamos n’Ele. Seremos ressuscitados em Cristo Jesus, sem o qual não podemos ter a verdadeira vida.
Fugi dos maus rebentos que produzem frutos venenosos: se alguém os prova, morre fatalmente. Estes rebentos não são da plantação do Pai. Se o fossem, apareceriam como ramos da cruz e o seu fruto seria incorruptível. Por esta cruz, Cristo vos convida, como a seus membros que sois, a tomar parte na sua paixão. Com efeito, a cabeça não pode existir separada dos membros. O mesmo Deus prometeu tal união, Ele que é unidade.
Saúdo-vos desde Esmirna, juntamente com as Igrejas de Deus que estão comigo e que me têm proporcionado toda a espécie de consolações temporais e espirituais. Ao mesmo tempo que rezo para alcançar a Deus, as cadeias que suporto por amor de Cristo vos fazem esta exortação: Permanecei na concórdia e na oração em comum. É necessário que cada um de vós, e sobretudo os presbíteros, confortem o bispo, para glória do Pai, de Jesus Cristo e dos Apóstolos.
Peço-vos que me escuteis com caridade, para que esta carta não se converta em testemunho contra vós. Rezai também por mim, que preciso muito da vossa caridade e da misericórdia de Deus para ser digno de alcançar a herança, que estou prestes a conseguir, e não ser julgado indigno dela.
Saúda-vos a caridade dos irmãos de Esmirna e de Éfeso. Tende sempre presente nas vossas orações a Igreja da Síria, da qual não sou digno de me chamar membro, porque sou o último de todos os fiéis. Saúdo-vos em Cristo, a vós que estais sujeitos ao bispo como à lei de Deus; e não só ao bispo, mas também ao presbitério. Amai-vos uns aos outros, todos e cada um, de coração unânime.
Ofereço por vós a minha vida, não só agora mas também quando chegar à presença de Deus. Ainda me encontro exposto ao perigo, mas estou confiante na fidelidade do Pai em Jesus Cristo. Ele escutará a minha e a vossa oração. Espero que n’Ele vos encontreis sem mancha.
Da Carta de Santo Inácio de Antioquia,
bispo e mártir, aos Tralianos
(Cap. 8,1 - 9,2; 11, 1 - 13,3: Funk I, 209-211) (Sec. I)
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