terça-feira, 16 de agosto de 2016

Preparada pelo Altíssimo, prometida pelos Profetas




Não convinha que Deus nascesse senão da Virgem; e convinha que da Virgem não nascesse senão Deus. Por isso o Criador dos homens, que tinha decidido fazer‑Se homem e nascer do homem, teve de escolher, ou melhor, de formar uma tal mãe que fosse digna d’Ele e Lhe agradasse plenamente. Quis, portanto, nascer de uma virgem: o Imaculado quis nascer da Imaculada, porque Ele vinha purificar os homens de toda a mácula. Quis que sua Mãe fosse humilde, porque Ele, manso e humilde de coração, devia oferecer a todos o exemplo destas virtudes tão necessárias à salvação. Concedeu à Virgem o dom da maternidade, Ele que Lhe tinha inspirado o propósito da virgindade e a tinha enriquecido com o mérito da perfeita humildade. De outro modo, como poderia depois o Anjo proclamá‑la cheia de graça, se nela houvesse alguma coisa, por pouco que fosse, que não lhe viesse da graça? Assim aquela que havia de conceber e dar à luz o Santo dos Santos, recebeu o dom da virgindade para que fosse santa no corpo e o dom da humildade para que fosse santa no espírito. Adornada com as pérolas preciosas destas virtudes e resplandecente com a dupla beleza da sua alma e do seu corpo, a Virgem real foi conhecida nas moradas celestes em todo o esplendor da sua formosura e atraiu sobre Si o olhar dos cidadãos do Céu; e o Rei, encantado com a sua beleza, enviou‑Lhe lá do alto um mensageiro celeste. Foi enviado um Anjo à Virgem. Virgem no seu corpo, virgem na sua alma, virgem por sua decisão, virgem santa de alma e corpo, como a descreve o Apóstolo; e não foi encontrada recentemente ou por acaso, mas eleita desde a eternidade, predestinada e preparada pelo Altíssimo, guardada pelos Anjos, prefigurada pelos Patriarcas, prometida pelos Profetas.


Das Homilias de São Bernardo, abade, «Em louvor da Virgem Mãe»
(Hom. 2, 1-2.4:Opera Omnia, Edit. Cisterc. 4 [1966], 21-23) (Sec XII)

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